O problema de ler demais.

Eu tenho um problema comigo mesma toda vez que começo um novo texto, nunca está bom, nunca vai estar. Fico me comparando aos meus escritores preferidos, e qual é, nunca estarei aos pés de J.K ou do Tio Rick, pior ainda é quando me comparo a Bruna Vieira ou qualquer garota da minha idade que fazem sucesso.. meu mundo caí, fico me perguntando : "porque elas e não eu?".
Mas é assim, a vida é assim, quem lê demais e quer ser escritor nunca vai estar satisfeito, sempre vai ter alguém melhor, alguém que usa e abusa das palavras, e dá certo! um enredo melhor que o teu, uma personagem mais fascinante, mas tudo bem, aceito a derrota, não sou boa, e talvez nunca vou ser, talvez esse texto nunca será lido, ou talvez será, talvez eu me torne alguém..ou não! Mas nunca vou saber se não tentar.

Meu livro.

Parecia que novamente eu estava presso num daqueles pesadelos, aqueles tão reais que por mais que eu quisese acordar era praticamente impossível.

Desta vez eu estava em uma floresta, realmente sombria, era escura, fria, tão fria!

Eu estava parado, esperando, mas esperando o que? Algo acontecer de certo, em um lugar tão sinistro algo aconteceria, não?

Ouvi uns barulhos, de gravetos sendo quebrados, o que seria isso? Um animal! claro, apenas um animal, mais qual? O quão perigoso ele era?

Mais o barulho sessou, por alguns minutos a única coisa que eu ouvia era o meu coração apressado, mais o que? como? como eu podia estar sentindo esse medo, ouvindo meu coração, minha respiração ofegante se era um sonho?

E se não fosse... Não! Era! Eu me lembro, estava em casa com minha mãe e meu padastro, estava com sono e fui dormir! Eu não havia saido de lá, como estava aqui em uma floresta? Mais uma prova de que era um sonho!

Respirei fundo, não tinha motivos para ficar assim! Era sempre assim, depois eu acordava!

Um vento assustador soprou, e fez meus ossos congelarem! Ouvi gritos no vento, era somente o vento? Então no meio da floresta eu vi uma coisa, vi um par de olhos azuis me encarando, pareciam lanternas, desta vez não consegui ficar calmo, comecei a correr, com toda a velocidade que eu oude, com toda a força, não sabia do que estava fugindo, apenas sabia que precisava fugir!

Derrepente tres coisas aconteceram ao mesmo tempo, eu ouvi um lobo uivar, ou pensei ser um lobo, mais com o susto tropecei num tronco de árvore a caí com tudo de cara no chão, quando levantei os olhos vi algo parado na minha frente, era um lobo! Um lobo enorme branco com lindos olhos azuis, lindos, mais assustadores.

Meu primeiro reflexo foi correr, mais antes mesmo de eu pensar nisso o lobo virou homem! eu já conhecia esse homem! quero dizer, já conhecia dos meus sonhos! Em todos os meus pesadelos! Lá estava ele, com seus cabelos pretos caidos no ombro, e os olhos malíciosos, com um sorriso torto ele disse:

_Desculpa Pierre, não queria de assustar.

Não respondi, nunca havia falado meu nome pra ele! Mais que droga tenho que parar de esquecer que isso é um sonho!

_O que você quer?_ Perguntei, minha voz saiu mais tremida e falhada do que eu queria. Mais eu já estava de pé com a cabeça erguida.

_Eu quero você! O único que pode me salvar, salvar meu povo, a minha terra!

_Não, não sou eu, eu sou apenas um garoto, que não consegue entender a droga da matemática, e que tenho pesadelos estúpidos!

El ficou me encarando, assim, silencio, durante uns 15 minutos.

_Desisto! Adeus Pierre._Me disse ele parecendo desapontado, estendendo a mão, apertei, e na hora me arrependi, senti uma dor aguda e forte na mão, olhei, estava queimada, em forma de olho, o mesmo olho do lobo.

Não conseguia mais manter os olhos abertos, deixei me levar, e então dormi.

Quando abri os olhos, fiquei feliz ao ver meu skate jogado no chão, minha tv quebrada no guarda roupa, pela primeira vez em 15 anos, fiquei feliz em ouvir a voz da minha mãe gritando o meu nome, quando toquei na cama senti uma dor na mão, senti medo, terror, e ao mesmo tempo me senti intrigado, o olho do sonho, ainda estava na minha mão, só me restava pensar que então, não era um sonho!

Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz ao ponto de nem conseguir fechar os olhos...Já fiz tanta coisa nessa vida!
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram...
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou.
Já tive tanta certeza de mim... ao ponto de querer sumir...
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir...
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam...
Já tive crises de riso quando não podia...
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse...
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar...
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo mais feliz...
Já tive medo do escuro, hoje no escuro “me acho... me agacho... fico ali”...
Já caí inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não iria mais cair...
Já chamei pessoas próximas de “amigo” e descobri que não eram; algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais pra mim...
Não me deem formulas certas, porque eu não espero acertar sempre...

Seria tão bom sair por aquela porta e conhecer alguém sem precisar procurar no meio da multidão. Alguém que soubesse se aproximar sem ser invasivo ou que não se esforçasse tanto para parecer interessante. Alguém de quem eu não quisesse fugir quando a intimidade derrubasse nossas máscaras, que segurasse minha mão e tocasse meu coração. Que não me prendesse, não me limitasse, não me mudasse, alguém que me roubasse um beijo no meio de uma briga e me tirasse a razão sem que isso me ameaçasse. Que me dissesse que eu canto mal, que eu falo demais e que risse das vezes em que eu fosse desastrada. Alguém de quem eu não precisasse.. mas com quem eu quisesse estar sem motivo certo. Alguém com qualidades e defeitos suportáveis, que não fosse tão bonito e ainda assim eu não conseguisse olhar em outra direção. Que me encontrasse até quando eu tento desesperadamente me esconder do mundo. Eu queria sair por aquela porta e conhecer alguém imperfeito, mas feito pra mim